O espetáculo é uma oportunidade para celebrar dois gigantes da música brasileira em um encontro fictício que encanta e emociona o público
O espetáculo cênico-musical “Chico Rosa” volta ao palco do Teatro Feluma de 25 a 27 de outubro, prometendo mais uma vez encantar o público com o encontro entre Noel Rosa e Chico Buarque em um botequim. Jair Raso, diretor e criador da peça, contou detalhes sobre o processo criativo e os bastidores desse sucesso. Confira a entrevista:
Como surgiu a ideia de criar o espetáculo “Chico Rosa”?
Jair Raso : A ideia nasceu enquanto eu trabalhava na sonoplastia da peça “Ópera de Sabão, a Era do Rádio”. Durante uma viagem ao Rio de Janeiro, visitei a Rádio Nacional em busca de programas de rádio dos anos 50 e 60, e fui indicado para uma loja que vendia fitas antigas. Entre as fitas, encontrei um programa chamado “No Tempo de Noel Rosa”, apresentado por Almirante. Na mesma época, fui convidado para iluminar o espetáculo “Noel, o Feitiço da Vila”, escrito e dirigido por Jota Dangelo. Em conversa com o autor, ele fez um comentário dizendo que Noel era o tipo de pessoa que ele gostaria de conversar numa mesa de boteco. Naquele momento nascia Chico Rosa, meu espetáculo. Pois imaginei que nesse encontro imaginário com Noel, o melhor representante seria Chico Buarque.
Qual é a importância de Noel Rosa e Chico Buarque como figuras centrais da peça?
Jair Raso : Ambos são cronistas, cada um do seu tempo. Noel, que morreu jovem, deixou uma obra marcante que ainda dialoga com o presente. Chico é o nosso maior compositor contemporâneo. Juntos, representamos a atemporalidade da música popular brasileira, trazendo reflexões profundas em letras aparentemente simples.
Quais foram os principais desafios na direção do espetáculo?
Jair Raso : O maior desafio foi encontrar dois atores que não só atuassem, mas também cantassem e tocassem violão. Luiz Rocha, que interpreta Noel, estava no início de sua carreira no teatro. Ele tocava violão em uma banda e, com a ajuda do arranjador Lery Faria, desenvolveu bastante suas habilidades musicais. Já Ricardo Nasar, que interpretou Chico na estreia em 2003, tinha um timbre muito parecido com o de Chico Buarque, mas teve que aprender violão e atuar. Para prepará-lo, contei com auxílio luxuoso da dama do teatro mineiro, Wilma Henriques, como assistente de direção. Mais tarde, ele foi substituído por Dan Maia, um músico excepcional, que trouxe uma nova dinâmica para o espetáculo.
Histórias curiosas ou marcantes dos bastidores durante a montagem e ensaios. Houve momentos de improviso, superação ou contratempos?
Jair Raso : Histórias marcantes não faltaram. Em uma apresentação ao ar livre em Barbacena, houve um apagão na praça. O público, iluminado pela lua cheia, continuou cantando a marchinha “As Pastorinhas”. Assim que a música terminou, a luz voltou. Foi como se Noel tivesse dado um toque mágico naquela noite.
Qual é a mensagem que o espetáculo busca transmitir ao público?
Jair Raso : Queremos apresentar Noel Rosa às novas gerações por meio de Chico Buarque. Noel morreu cedo, mas sua obra continua viva e relevante. Assim como Chico, que segue compondo e escrevendo, ambos serão sempre atuais. A peça é um tributo à nossa música e à nossa história, buscando sempre dialogar com diferentes gerações.
O espetáculo “Chico Rosa” é uma oportunidade para celebrar dois gigantes da música brasileira em um encontro fictício que encanta e emociona o público.
Serviço
“Chico Rosa”
Texto e direção: Jair Raso
Atuações: Dan Maia e Luiz Rocha
Datas: 25 a 27 de outubro
Sexta e Sábado 20h; Domingo 19h
Classificação: Livre
Ingressos: R$50 (meia) e R$100 (inteira) – https://bileto.sympla.com.br/event/89951